Notícia Literária: O Rosto trocado da autora Maria Firmino



Olá leitores!

hoje trago uma notícia do qual fiquei muito impactada, recentemente publiquei no Instagram o novo lançamento da Livraria da câmara; Úrsula e Outras Obras da autora Maria Firmina dos Reis.


Porém, recebi um comentário que inicialmente não havia me agradado.

@luzpaivabellydanceQue legal!! Só lamento informar que essa imagem ao fundo não é da Maria Firmina dos Reis e sim da Maria Benedita Câmara Bormann, conhecida como Délia.
  

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Como assim? fiquei pasma com o comentário, eu tinha pesquisado antes e o rosto de fundo era da autora!

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                                                         Só que não! refiz as minhas pesquisas e dessa vez usando outros termos para a pesquisa, e enfim consegui encontrar e realmente o rosto usado por diversos blogs e meios de comunicação não era da autora Maria Firmino.








Quem foi Maria Firmido?

Maria Firmina dos Reis nasceu na ilha de São Luís do Maranhão, em 11 de outubro de 1825. Filha de João Pedro Esteves e Leonor Felipe dos Reis. Em 1830, mudou-se para a Vila de São José de Guimarães, município de Viamão. Viveu parte de sua vida na casa de uma tia materna. Esse acolhimento teria sido crucial para a sua formação. Como parte dessa formação, foi incentivada pelo escritor e gramático Sotero dos Reis, seu primo por parte de mãe, a dedicar-se na busca pelo conhecimento.

Muito jovem, aos 22 anos, Maria Firmina dedicou-se ao magistério, uma das poucas atividades trabalhistas “designadas” às mulheres de sua época. Ela foi aprovada em um concurso público para a Cadeira de Instrução Primária, sendo assim a primeira professora concursada de seu Estado.
Maria demonstrou sua afinidade com a escrita ao publicar “Úrsula” em 1859, um dos primeiros romances abolicionistas brasileiro e primeiro escrito por uma mulher negra brasileira.
Úrsula possui temática forte, uma reivindicação pela primeira vez “interna”, proveniente de uma afro-brasileira indignada com a sua condição de negra e mulher diante a uma sociedade patriarcal e escravocrata. 

Não apenas como um passatempo literário inocente, conforme os romances dedicados à leitura feminina por muito tempo, Úrsula vai além de uma simples história de amor impossível com final feliz. É em si, incontestavelmente, um grito, uma denúncia aos absurdos impostos pela sociedade ao negro e a mulher no Brasil oitocentista.

Maria Firmina não tinha posses, mas não vivia na pobreza. Ocupava um lugar intermediário, porém mais próximo da pobreza do que da riqueza. Foi professora de primeiras letras e colaboradora de jornais literários, publicando poesias, ficção e crônicas. Ao se aposentar, no início da década de 1880, funda a primeira escola mista gratuita do estado do Maranhão. Essa iniciativa causou escândalo no povoado de Maçaricó, e a escola foi fechada.

Faleceu em 11 de novembro de 1917, em Guimarães, município do estado do Maranhão. Teve uma vida dedicada a ler e escrever, descortinando, assim, novos horizontes para as mulheres negras brasileiras.

REFERÊNCIAS:
http://antigo.acordacultura.org.br/herois/heroi/mariafirmina
http://www.palmares.gov.br/?p=34293
http://mulheres-incriveis.blogspot.com.br/2012/07/maria-firmina-dos-reis-uma-maranhense.html


Troca de Rosto

Mas infelizmente após sua morte, sua obra foi esquecida ressurgindo apenas em 1962 graças ao historiador paraibano Horácio de Almeida em um sebo no Rio de Janeiro hoje,[..] até seu rosto verdadeiro é desconhecido: nos registros oficiais da Câmara dos Vereadores de Guimarães está uma gravura com a face de uma mulher branca, retrato inspirado na imagem de uma escritora gaúcha, com quem Firmina foi confundida na época. O busto da escritora no Museu Histórico do Maranhão também a retrata “embranquecida”, de nariz fino e cabelos lisos.(Trecho retirado do artigo da revista Cult online para conferir clique Aqui)

Ou seja o rosto que eu havia publicado inocentemente, apenas confie nas minhas pesquisas não era de Dona Maria Firmino e sim da Maria Benedita Câmara Bormann.

Fico triste em saber que o rosto de uma Mulher tão guerreira fora apagado da nossa HISTÓRIA e o pior ter seu rosto confundido com de uma outra pessoa, fico pensando: será que isso não foi algo pensado? Já que ela viveu em uma época onde as mulheres não tinham voz. Maria Firmino era tudo o que a sociedade da época não aceitava: Mulher, negra e ainda por cima escreveu um livro onde ela expôs sua opinião sobre a escravidão.

Sabemos muito bem que a sociedade da época não aceitava o fato de escritores renomados serem negros e isso é tão verdadeiro que o rosto de Machado de Assis sofreu alterações em fotos, na tentativa de esbranquiçar. 

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Resultado de imagem para úrsula maria firminoDiferente dos escritos de mulheres da época, o romance não era “de perfumaria”, nem algo sem profundidade. Ao contrário: foi o primeiro livro brasileiro a se posicionar contra a escravidão e a partir do ponto de vista de escravos – antes do famoso poema Navio negreiro, de Castro Alves (1869), e de A Escrava Isaura (1875), de Bernardo Guimarães.

Fonte: https://revistacult.uol.com.br/home/centenario-maria-firmina-dos-reis/



Gostaria de agradecer ao comentário da luzpaivabellydance se não fosse por ela eu jamais teria visto a verdade, por isso que nós criadores de conteúdos precisamos sempre pesquisar a fundo os assuntos que publicamos em nossas mídias, para não compactuar com essa triste realidade.


12 comentários

  1. Que mulher incrível! Muito triste que sua imagem tenha sido apagada assim, mas que bom que sua obra sobrevive.

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  2. Olá,

    Confesso que não conhecia a Maria Firmina e lendo seu post fiquei impressionada com a garra e força dessa mulher. É nítido o quanto ela lutou por aquilo que acreditava, conseguindo alcançar grandes coisas para uma mulher negra da época, que com certeza sofria muito preconceito por ser apenas quem era.
    Uma pena que a imagem dela tenha sido "apagada" durante os anos, isso é um reflexo do quanto perdemos nossas história ao longo dos anos e o quanto pessoas importantes não ganham o destaque merecido.
    Fiquei querendo ler a obra, creio que irei adorar. Parabéns pelo post!

    Beijos!

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  3. Nossa! Agora fiquei muito triste por muitos nao serem o valor devido a uma pessoa que tanto lutou para ter seu lugar de destaque e ter um desrespito deste...
    www.robsondemorais.blogspot.com.br

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  4. Recentemente fiquei chocado de saber que Chiquinha Gonzaga era negra. Uma pena essas mudanças se perderem na história e serem tomadas como verdade.

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  5. incrível ver que além da aparência ou das características o trabalho da autora permanece intacto <3

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  6. Ainda bem que o trabalho dela permanece, infelizmente não dão valor nos dias atuais.

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  7. Menina, super concordo com vc a gente precisa pesquisar bem. Infelizmente a literatura brasileira sofreu um tempo com pouco reconhecimento, gerando situações como essa
    Gostei, muito legal!
    Blog ArroJada Mix|Blog Prosa e Texto|Blog Vapor da Cozinha

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  8. Um absurdo essa desvalorização de ter sua imagem trocada, era uma mulher incrível!

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  9. Olá
    Uma história muito triste, e gostei muito que você tenha resgatado a história dela mesmo sem ter conseguido achar-lhe o rosto. Confesso que não conhecia a autora e sua obra, e fiquei bem curiosa.

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  10. Oi, tudo bem ?

    primeiramente parabéns pelo post maravilhoso ! Amei o fato de você ter falado sobre a trocas de rosto, quem foi e toda pesquisa na criação deste post. A história e toda trajetória envolvida como esbranquiça a foto é muito rica e mostra muito bem a luta e a importância dessa obra...que vale sim a pena ser conferida.

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  11. olá!
    Muito triste isso, uma obra ficar esquecida por preconceito.... Gostei muito de conhecer Maria Firmido , vou procurar para ler esta obra dela.
    Muito triste saber que "esbranquiçaram" Machado de Assis, na minha opinião um dos melhores escritores que já li...
    Abraços.

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  12. Que post maravilhoso, mesmo com esse final desconcertante e até revoltante que mostra o preconceito vindo através dos tempos. Mas o texto está prefeito, deu para ter muitas informações úteis para nossa bagagem cultural.

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