Vamos conversar?

     Quando me envolvi no mundo dos blogs literário senti aquela sensação de encontrar um lar. Poder conversar com outras pessoas sobre leitura, livros e tudo que engloba o hábito da leitura foi um sonho sendo realizado. Os primeiros anos foram mágicos, tive a oportunidade de conhecer autores, me envolver em projetos literários e até ganhar em sorteios.

     É maravilhoso conhecer outras pessoas que possuem os mesmos gostos e hábitos, a conversa nunca acaba, não tem coisa melhor que a sensação de pertencimento. Porém, de uns tempos pra cá venho percebendo que uma nuvem tóxica surgiu e fincou no meio literário.

        Essa nuvem se chama fiscal da leitura, uma nova profissão que veio para ficar. Na verdade, eu tenho certeza que esse profissional sempre existiu, a diferença era que na minha época, antes da expansão e popularização da internet, era mais difícil topar com eles. Hoje depois do bum da internet e principalmente com a criação das mídias sociais facilitou o encontro com essas pessoas e seus comentários carregados de egocentrismo. 

         Recentemente um texto chamou a minha atenção, uma jornalista e comentarista politica declarou em sua postagem no Instagram, que apenas os clássicos agregam conhecimentos e valores. Cada um de nós temos o direito de expor nossas opiniões, vivemos em um País livre - até onde sei - mas devemos entender que nossa opinião não é a verdade absoluta.

        Essa mulher ainda comentou que livros como crepúsculo definha o cérebro, vou parar por aqui, fiquei muito enojada com a prepotência, ignorância e pedantismo dessa jovem. A literatura clássica não deve ser usada para anular as demais classes e obras literárias e muito menos transforma-la em uma arma de julgamento. Um leitor, estudioso, professor ou seja lá o que for, ao fazer isso, pegou toda a sua "inteligência" e "sabedoria" adquirida nos clássicos amassou e jogou fora.

          A literatura não é para ser usada para separar as pessoas, ao meu vê, ela deve unir. Aqui em casa eu e meu marido somos leitores assíduos, enquanto ele lê seus livros de História, Filosofia, Biografias e Teologia. Eu passeio entre romances de banca, Biografias, Clássicos, converso um pouco com os romances hot, me aventuro na linguística, faço uma pausa nos contos de fadas e fábulas, seleciono alguns livros de estudo budista, aprendo um pouco com o gênero autoajuda e assim vou navegando no mar de possibilidades, é raro atracar no mesmo porto em que meu esposo estar. Mas, mesmo com esses desencontros, damos um jeito para conversar sobre as nossas aventuras. Ele aprende comigo e eu com ele.

        Os clássicos não são os únicos possessores do conhecimento, não são os únicos que vão lhe agregar valores. Qualquer livro, qualquer leitura vai te proporcionar conhecimento basta assim você se permitir. Pra mim o que atrofia o cérebro é o ego que de tão inflado resta para o cérebro uma única chance de sobrevivência, encolher.


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