Resenha: Vento Leste Vento Oeste - Pearl S. Buck


Os conflitos entre a velha e a nova geração da China estão belamente retratadas na história de amor entre um casal que vive o conflito da geração de transição entre duas épocas. Ele, médico, educado no estrangeiro, de idéias modernas, porém obediente aos pais; ela, simples moça do povo, tradicional, educada para ser esposa submissa e mãe, unidos pelo carinho e amizade despertados pela convivência, tentam, da melhor forma possível adaptar-se ao sentimento e pensamento do parceiro.









Ano: 1966 / Páginas: 208
Idioma: português
Editora: Melhoramentos



"Vento Leste, Vento Oeste" foi uma agradável surpresa e a escrita da autora conseguiu me cativar desde as primeiras linhas. A trama é simples, o que evidencia que uma história pode ser maravilhosa e inesquecível sem a necessidade de inúmeras reviravoltas ou de uma linguagem complexa. Pearl S. Buck construiu um enredo que explora as diferenças culturais entre o Ocidente e o Oriente, contando a história de amor entre duas pessoas que pertencem a mundos completamente distintos e que, apesar disso, lutaram para ficarem juntas.

O livro está dividido em duas partes: a primeira foca na história da narradora, Kwei-Lan, uma jovem mulher chinesa criada segundo os milenares costumes da China. Ao se casar com seu prometido, ela precisou lidar com as diferenças culturais, uma vez que seu marido, apesar de chinês, estudou por muitos anos em terras estrangeiras, o que alterou sua forma de pensar e agir. Conviver com ele foi um verdadeiro choque cultural, e Kwei-Lan teve que desafiar os paradigmas milenares para "salvar" seu casamento e abraçar a cultura que seu marido adotou.

"Foi assim que meus pais me educaram em conformidade e tão honrosas tradições."
- Pág. 1

A segunda parte do livro foca no relacionamento do irmão de Kwei-Lan, que, em vez de casar com a jovem Li, sua prometida, acaba se unindo a Mary, uma jovem estrangeira. Nesse momento, as duas culturas se confrontam.

Apesar de todo o drama ser narrado sob a perspectiva de Kwei-Lan, conseguimos sentir o preconceito enfrentado por seu irmão e sua esposa. Para que pudessem ficar juntos, o irmão de Kwei-Lan teve que desafiar não apenas seus próprios pais, mas também a cultura e os costumes milenares.

Estou profundamente encantada com a história deste livro. A autora conseguiu transmitir de forma habilidosa as angústias de Kwei-Lan ao perceber que sua educação, crenças, forma de pensar e agir eram obstáculos que a afastavam de seu esposo.

Não foi tarefa fácil para ela abandonar suas antigas crenças e adotar a nova cultura que seu marido tanto apreciava. Apesar das divergências de crenças, o jovem casal compartilhava a mesma cultura, o que facilitava as coisas. Seus problemas se resumiam ao relacionamento do casal, pois não precisaram lutar contra um sistema como foi o caso do irmão de Kwei-Lan.

O cerne da história, de fato, é o casamento do irmão de Kwei-Lan com uma estrangeira. Esse relacionamento desafiou a cultura e os costumes de maneira singular. Mesmo Kwei-Lan, que já estava mais receptiva, opôs-se e deslegitimou várias vezes os sentimentos e o casamento de seu irmão. Kwei-Lan demonstrava aversão por Mary, como se ela não fosse alguém que, assim como ela, havia abandonado tudo por amor, entregando-se às crenças de seu marido.

Com o tempo, essa visão fria de Kwei-Lan em relação a Mary se transforma. Ela passa a perceber que Mary, como qualquer mulher chinesa, merece amar e ser amada. E o amor que o irmão dela sentia por sua esposa estrangeira era o mesmo sentimento que seu marido sentia por ela.

"Vento Leste, Vento Oeste" não é apenas a história de um amor, mas sim a exploração do confronto entre passado e futuro. A forma como a autora abordou o contraste entre o Oriente e o Ocidente é de uma maestria surpreendente.



SOBRE A AUTORA:




Pearl Sydenstricker Buck, nascida Pearl Comfort Sydenstricker (Hillsboro, 26 de junho de 1892 — Danby, 6 de março de 1973), também conhecida por Sai Zhen Zhu (chinês: 賽珍珠) foi uma sinologista e escritora estadunidense.  Ganhadora do Prémio Pulitzer de Ficção de 1932, recebeu o Nobel de Literatura de 1938.










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