Um livro para sair da zona de conforto


4/5⭐

A História esquecida da Hospedaria na Estrada é narrada em terceira pessoa por Chronos, o deus do tempo. Por ser o deus, ou melhor, o próprio tempo, conheceremos a história da Hospedaria e de seus habitantes por completo: passado, presente e  futuro. 

Nessa narrativa Chronos terá a oportunidade de viver e sentir todas as emoções humanas, através da capa (corpo) de um rapaz de 16 anos, Christopher. O objetivo de viver entre os mortais é o desejo de estar ao lado Limunê.

Apesar de se parecer humana, Limunê é uma fada da morte,  guardiã do portal que separa o mundo humano do submundo. Sua tarefa é receber às pessoas escolhidas para se hospedarem na S'mentry Manor a Hospedaria da estrada e guiá-las para o outro lado. O que essas pessoas não imaginam é que serão usadas(seus sonhos mortos) como fonte de energia para o submundo.

Por décadas Limunê fez seu trabalho com maestria até que Matheus Roberts é atraído para a Hospedaria, com a chegada do novo hóspede a fada da morte começa a repensar suas atitudes e os sentimentos despertados por ele, transformam-se em obstáculos para a sua missão.
Opinião
A História esquecida da hospedaria na estrada foi um verdadeiro mergulho em um mundo onde sonhos e pesadelos se misturam. Através de um tom elegíaco Chronos inicia a história com uma reflexão melancólica:

“Quando se vive entre os mundos, as horas não passam; os dias são longos e as noites, quase infinitas.”

Esse início despertou meu interesse rapidamente porque eu queria saber a origem dessa tristeza existente nesse trecho. O resultado foi um mergulho de cabeça nas páginas e só voltei para a minha realidade quando li a última página.

Os personagens foram muito bem construídos, mas confesso que os meus preferidos é a fada e o Chronos. Limunê é uma personagem que deveria ser odiada do início ao fim, mas ao longo do enredo percebemos que ela é tão vitima quanto qualquer humano que passou pela Hospedaria.

Chronos o narrador personagem que para mim, é o destaque dessa obra, não só deu vida como também  trouxe a melancolia de uma existência tão antiga para a história. 

Matheus Roberts, o humano que despertou sentimentos em Limunê, o personagem do qual não tive muita empatia no início, mas gradualmente aflorou em mim alguns sentimentos bons e no fim fiquei de queixo caído pela decisão que ele tomou.

A obra de Saltoris é uma mistura de fantasia Dark com terror cheio de criaturas horripilantes, mas na minha opinião possui também traços românticos, uma releitura de Romeu e Julieta gótico, sendo que a Julieta é uma assassina a serviço do submundo. Apesar de todos esses componentes dark, o enredo também faz um convite para refletirmos sobre nossos sonhos, nossos desejos que lentamente vão morrendo até se tornarem sonhos mortos.

Estou muito contente por sair da minha zona de conforto, Saltoris e seu universo horripilante conquistou mais uma admiradora. 



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